19 de dezembro de 2013

Chove em mim

Chove lá fora e faz frio. O líquido gelado e transparente escorre pelo telhado e pega carona no portão antes de chegar ao chão. Mas assim como chove lá fora, chove em mim. Está frio aqui dentro também. Ranjo os dentes com força, em um tremor sem fim que me estala os ossos e arrepia a pele. Ai que falta que eu sinto dos arrepios! Não esses arrepios frios e incômodos que me fazem dormir sob sete cobertas, mas aquele arrepio quente de vapor na nuca. Chove dentro de mim. O líquido quente e trasnparente escorre pelos olhos e pega carona no meu rosto antes de tocar o seu. Seu rosto dorme. Inocente. Puro. Tímido e ingênuo. Incapaz de acordar de um sono pesado que enebria seus pensamentos e te esconde a verdade. Beijo sua face e deito-me. Olho para o outro lado e, mais uma vez, começo a chover.