22 de agosto de 2011

Visagens.

Algo não estava certo naquela noite. Os galos cantavam fora de hora e os cachorros uivavam desafinados para a lua cheia. "É mal presságio" murmurava dona Benta enrolada em sua colcha de retalhos. Ela tinha medo. Fora criada ouvindo histórias de Caipora e Maria Florzinha, por isso deixara sempre no terreiro uma carteira de cigarros que comprava na cidade.
Mas não era assombração alguma que passava por aquele lugar e chutava os baldes mais forte que o vento seria capaz. Era José. Ele corria. Tinha medo. Fugia. Não sabe-se se dele mesmo ou dos que lhe acercavam.
Ele apenas queria fugir, sair daquele lugar, fumar em paz os cigarros que encontrara ao relento. 
Corre! Entra na mata escura. Pequenas frestas de luz de lua. Vultos.
Um grito.
Silêncio.
Dona Benta soubera. "Maria Florzinha tratou de dar destino a quem foge com medo do amor". José morreu. Corpo lapeado e coração na boca.


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