13 de setembro de 2011

Sobre as coisas que lembrei


Hoje me fizeram lembrar das dores. Dores estas que foram revisitadas quando abri a caixa com suas lembranças. Pois é. Ainda guardo aquela caixa marrom cheia de pedras e ingressos que sempre foram só nossos.
Lembrei hoje do medo que eu tinha. Não sei ao certo se tive coragem de dizer, ou a vergonha me consumiu ao tentar assumir que tinha medo que você me deixasse para sempre. Chorava todas as vezes que você voltava para suas terras e não me dava notícias. Ia a força comprar o pão que só conseguiria comer quando terminasse o jornal sem notícias ruins. Sem ônibus virados nem acidentes na estrada.
Você não foi por morte. Ainda está bem vivo e mantemos contato. Eu que acreditei que jamais me acostumaria com sua partida, me acostumei aos poucos com sua presença de pedaços, com suas migalhas e esmolas que me davas quando queria. Hoje ainda nos vemos, nos beijamos quando temos vontade de ir muito além do beijo. Quebramos camas, deitamos no chão ou em qualquer colchão. De certa forma ainda estamos juntos. Porém inertes. Mornos. Mortos.
Não sei se guardamos amor. Não sei se guardamos rancor. Não sei se guardamos dor.
Não sinto mais a magia de te ver. Minhas mãos não suam mais e meu coração parece não mais disparar. Meus olhos não brilham, minha boca não treme e minha barriga não gela.
Queria isso de volta. Digo que não, mas tem alguém que insiste em dizer que eu quero você de volta.
Mas acho que me acostumei a te ter assim. Como um amigo com benefício. Meu desejo por você continua. E acho que vai continuar até alguém me arrebatar de vez e aceitar namorar comigo por mais de três meses.
Confesso que na ultima tentativa eu queria mesmo que desse certo, mas não deu. Dai como um io-iô, voltamos um para os braços do outro. Para as pernas, barrigas, pêlos, traços e laços.
E ficaremos assim eternamente. Chegou a hora de assumir isso.

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