16 de agosto de 2012

Carta de um suicida


Tem sido difícil. Meu relógio marca horas erradas, minha pressão está no alto de uma torre e os manuais me ensinam lições e maneiras que não me levam a lugar nenhum.  As dores? Estas já tem sido incuráveis; não há analgésicos, álcool ou saídas com amigos que me aliviem. A vida, a respiração e cada batida no peito dói. Uma dor que queima, rasga, dilacera e maltrata. Aos poucos. O que é bem pior. O nascer do sol não me anima, o seu se pôr não me surpreende. A morte em vida é a pior de todas. 
Cansado disso, darei a mim mesmo um presente: Um golpe de misericórdia. "A vida é bela e o paraíso é um comprimido" diz a canção. E é este paraíso que vou conhecer a medida que este comprimido se desfaz lentamente sob minha língua. Tão lento quanto minha dor. Meu medo. Minha visão tão escura quanto meu eu.
Despeço-me de vocês. Poupem-me suas lágrimas, pois estou apenas poupando a minha.

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