19 de novembro de 2010

De banho tomado

Ele tinha seus 23 anos e nunca havia saído do sítio onde morava. Na verdade tinha, mas nunca entrado em uma casa da cidade de fato. Se já tivesse entrado, provavelmente não saíra da cozinha ou da sala. 
No sítio, a vida era diferente. Sempre tomava-se banho de cuia, com água em uma bacia, jogada sobre o próprio corpo com uma cuia ou uma vasília qualquer.
Houve uma época em que sua tia vira de São Paulo para morar em uma cidade do interior da Paraíba e o chamou para passar uns dias com ela e ajudá-la em sua mudança e demais serviços quaisquer.
Quando chega o fim da tarde, no primeiro dia em que estava morando com sua tia, ele pede autorização para tomar um banho. Mas... Cadê a bacia?

-Tia! Com que água eu tomo banho?
-É essa mesma, meu filho! 

"Hm... Onde está essa bacia?"  Ele resmungou no banheiro.
Olhava para um lado, olhava para o outro...

-Tia! Ainda não tou achando a água!
-Tem água sim, meu filho! Pode tomar banho!

"Hm... Deve ser essa aqui!" Pensou. E tomou o seu banho, achando super moderno "essa coisa de povo da cidade tomar banho com essa água que de onde mais se tira, mais tem".

Após o banho, todos sentem um cheiro estranho de desinfetante e perguntaram-no que sabonete ele usara. Ele responde que tinha usado um que tinha lá no banheiro mesmo, e falou surpreso da bacia com tampa de onde ele tirava a água que nunca acabava. "É tão pouquinha água dentro da bacia, mas quanto mais se tira, mais tem". Foi então que sua tia percebeu:
Ele tomou banho no vaso sanitário!


*Essa história é um causo real.

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