16 de maio de 2011

Dentes

Vejo teu futuro nos meus dentes. Nos meus dentes encravados em seus lábios para levar-te ao céu. Em meus dentes que mordem sua carne macia, afim de saboreá-la, mas não forte o suficiente para que deixem hematomas externos. Não. As marcas que quero deixar-te não são visíveis aos olhos biologicamente sensíveis a luz. As marcas que quero deixar em ti são vistas por olhos sensíveis de amigos que te percebam falar demais em mim, que te peguem distraído, fora do corpo lembrando de como eu mandei bem. As marcas que quero deixar são aquelas que te roem por dentro de vontade de gritar pra todo mundo aquilo que não deve ser falado nem em sussurro frente ao espelho.
E por falar em sussurros, esses também marcam. Um bafo quente ao pé do ouvido, uma barba que serra o pescoço alheio, uma mão que percorre cada curva perigosa do seu corpo e chega onde o sol não chega. São marcas que começaram pelos dentes e não te sairão, não me sairão. Nos destruirão.

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