10 de fevereiro de 2015

Dos gardenais


Esses dias a camisa estampada que ganhei no natal me sufocou ao vestir. Eu que sempre fui ligado a simbolismos, aproveitei dos gardenais que me controlam para acreditar que era verdade os comentários sobre eu ter engordado durante a viagem. Estou preferindo colher as flores a plantar o ódio, e assim, entre gardênias e gardenais, vou mantendo minha calma e dormindo mais que o necessário.
Em cada dose de calmaria química, esqueço-me de lembrar de pôr uma colher a menos de açúcar no café muito doce que aprendi em casa, esqueço-me dos esquecimentos e esperas. Em nome da paz e calmaria dos jardins que pretendo cultivar, me mantenho aqui, entre gardênias e gardenais.

26 de janeiro de 2015

Garçom. O de sempre!


Sua toalha continua pendurada no varal. Seu travesseiro ainda repousa sobre a mesinha no quarto, nossos colchões continuam deitados lado a lado e sua escova de dentes está no mesmo lugar de sempre. O filme que começamos a assistir ainda permanece na memória da tv no mesmo ponto onde pausamos. As lembranças continuam na minha memória no mesmo ponto onde paramos. Se eu fosse ao cinema hoje, provavelmente pediria a mesma pipoca e ao fim da sessão, entraria no mesmo café para tomar um espresso, o de sempre, com três sachês de açúcar.
"Mas é muito doce!"
Mas eu aprendi assim. Sempre fica alguma coisa. Sempre fica o de sempre.

30 de dezembro de 2014

40 dias


A ti, depois de caminhares em desertos bíblicos, ao chegardes cansado e com fome em casa, te ofereço sopa e cama quentes. Te ofereço um café à dois, regado a brisa na varanda. Ofereço meus vultos entre fumaças de teus cigarros e beijos com sabor de hortelã a te servir pães e pingados no dia seguinte. Em troca, quero tuas carícias sussurradas e coração vibrante. Quero teus dedos em meu corpo, nu. Quero teu corpo, em meu corpo, tu. 

20 de dezembro de 2014

Entre


E entre amos e amassos
Foi armando traços,
Amarrando laços.
Fazendo de nós,
A sós,
Entre sóis,
Entre lençóis,
Um nó.
Um só.

Tu


Tu que vieste  me roubar, tomando meu fôlego para si, e levando para longe todo o meu ceticismo. Tu que me levaste as mais profundas e escuras águas do teu olhar castanho, a nados em claras piscinas e mares que nada me afogam, nada me sufocam. Tu que me prendeste em asas de voos livres, indo cada vez mais longe, em experiências cada vez mais novas. Tu.

3 de março de 2014

Você não saiu de mim


Cato em meio aos espinhos, a sorte de flores ímpares para dobrar a carteira e lembrar de você. Na carteira, por sinal, sua foto ainda enfeita o plástico e o couro que me pego olhando acreditando ser mesmo você. Saio com os amigos e os chateio por falta de assunto que não seja você. Nas janelas dos ônibus? Nestas eu cochilo e acordo com você tocando minha perna sussurrando que "amor, vamos descer!". 
Não é fácil para mim admitir que não te tenho mais ao meu lado. Nem ao acordar de madrugada deixo de te procurar no mesmo quarto que eu. Sonho, tenho pesadelos, imagino e fantasio a nossa volta. Não largo nossos planos e fico olhando incontáveis vezes o último minuto de sua visualização de nossa conversa, na espera de um "Oii" cheio de alegria e esperanças carregadas de "eu te amo e volto pra você".

12 de fevereiro de 2014

O que pensei nunca mais sentir


Abro e fecho programas para disfarçar o tédio e marco encontros que nunca fui tentando, nos outros, preencher um vazio que você deixou. Não como, não durmo, não consigo dividir atenção entre meus amigos e as cartas de baralho na tela do computador. Eu que sempre comi demais, hoje me vejo forçado a comer um pão por dia, já que qualquer outra coisa multiplica-se no prato, tornando-se infinito e de cansativa mastigação e por isso adoeci.
Fico a lembrar de momentos, os bons momentos te outros tempos, não das brigas de anteontem. E são esses momentos que mais me doem, dói saber que nos vimos perdê-los como água a escorrer dos dedos.

19 de dezembro de 2013

Chove em mim

Chove lá fora e faz frio. O líquido gelado e transparente escorre pelo telhado e pega carona no portão antes de chegar ao chão. Mas assim como chove lá fora, chove em mim. Está frio aqui dentro também. Ranjo os dentes com força, em um tremor sem fim que me estala os ossos e arrepia a pele. Ai que falta que eu sinto dos arrepios! Não esses arrepios frios e incômodos que me fazem dormir sob sete cobertas, mas aquele arrepio quente de vapor na nuca. Chove dentro de mim. O líquido quente e trasnparente escorre pelos olhos e pega carona no meu rosto antes de tocar o seu. Seu rosto dorme. Inocente. Puro. Tímido e ingênuo. Incapaz de acordar de um sono pesado que enebria seus pensamentos e te esconde a verdade. Beijo sua face e deito-me. Olho para o outro lado e, mais uma vez, começo a chover.

7 de novembro de 2013

Unimultiplicidade do amor


Nada de procurar a fórmula do amor! Ele não é químico, muito menos matemático para se ter fórmulas perfeitamente exatas. O amor é interdisciplinar; é a soma e a divisão. É fazer história, é literatura, poesia, verso e prosa. É se encontrar geograficamente para que a química cuide dos hormônios biológicos.
O amor é um para cada um a cada qual. Para uns é assim e para outros é assado, sem clichês ou pieguismos, sem rótulos. Mas há quem não ame sem ser piegas, sem ser clichê. Parra uns a traição salva, para outros é a destruição. Se para você e o seu amor, viver 24 horas juntos por dia é importante, vivam! Deixe que o vizinho a aconselhar a distância para criar saudade fique distante do amor dele. Um amor não se aplica ao outro. O amor é único, de uso pessoal e intransferível. Até pra você mesmo! Amar de um jeito uma pessoa, não significa que será preciso amar igual um próximo amor, uma próxima pessoa, as regras mudam conforme o tabuleiro. Somente ame. Nada mais.

2 de novembro de 2013

Chove em mim


Sinto o frio e o silêncio dessa madrugada, quebrados apenas pelo tilintar da chuva no meu telhado; Lágrimas quentes de céu que lavam minha alma e encharcam o meu corpo que ferve. Me resta olhar pela janela, vigiar e esperar o teu não-aparecer ter um fim. Ainda tenho a dor no peito, a angústia e a esperança. A insônia e a vontade de cerrar os olhos para sempre, para sempre abri-los com os teus junto aos meus... Cúmplices e serenos. E seremos apaixonados.